Os convidados do evento Câncer em Foco responderam essa e outras perguntas em mesa redonda realizada para profissionais do segmento
O lançamento do hub Câncer em Foco contou com a presença dos doutores Ricardo Terra (Chefe da Equipe de Cirurgia Torácica do ICESP), Rodrigo Nascimento Pinheiro (Cirurgião Oncológico), João Victor Salvajoli (Coordenador do setor de Radioterapia do HCor) e Rodrigo Munhoz (Oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês), profissionais que compartilharam seus conhecimentos em quatro palestras versando sobre o destaque e os avanços do tratamento do câncer e também sobre as possibilidades para o futuro da oncologia.
O evento on-line ainda contou com uma mesa redonda, mediada pelo Dr. Fabio Ynoe de Moraes, na qual os quatro profissionais conversaram sobre seus pontos de vista a respeito dos tratamentos para o câncer e as possibilidades para o futuro.
Durante a conversa, uma pergunta realizada pelo público, questionou como as novas ferramentas tecnológicas poderão impactar a jornada de tratamento oncológico e se esse novo processo pode mudar a maneira como a relação médico/paciente acontece.
Ricardo Terra, abriu a conversa destacando que um dos destaques dessa evolução tecnológica é o rápido desenvolvimento da Inteligência Artificial, “algo que deve mudar vários processos”. Porém, fez questão de reforçar que isso não significa que o médico será substituído ou automatizado, afirmando que essas evoluções tecnológicas devem mudar a forma como o trabalho é realizado, exigindo uma adaptação do profissional de saúde a essa nova realidade. “Um dos pontos positivos desse novo momento é que o médico terá mais tempo para passar com seus pacientes”, finalizou.
Rodrigo Munhoz complementou o raciocínio, comentando que é fundamental entender que o cuidado oncológico envolve um conjunto de competências e habilidades que vão além do conhecimento técnico.
“Hoje temos ferramentas que sintetizam as evidências e permitem chegar a um relativo consenso sobre a solução de um determinado problema. Porém, cuidar de um paciente envolve presença, atenção, o ouvir, a capacidade de transmitir a palavra, disponibilidade e a absorção de demandas. Essas são capacidades que não podem ser simplesmente substituídas por ferramentas de tecnologia”, destacou.
A conversa seguiu e foi finalizada com a expectativa de cada profissional para os desafios do tratamento do câncer em suas respectivas áreas.
Rodrigo Munhoz reforçou que um dos grandes desafios para os próximos anos, deve ser o custo crescente das novas tecnologias, algo que dificulta a adoção de novas técnicas em larga escala. “A falta de planejamento e acesso a tecnologias que já estão disponíveis, também é um ponto que precisa ser contornado”, ressaltou.
O cirurgião oncológico, Rodrigo Nascimento Pinheiro, salientou que o sucesso da oncologia não está no hospital, mas na educação e na cultura das pessoas. Focar em ações que possam prevenir o surgimento do câncer é algo realmente importante e um grande desafio. “Existe uma série de desafios que não estão diretamente conectados a grandes inovações tecnológicas, mas sim ao básico que ainda precisa ser alcançado”.
João Victor Salvajoli pontuou que o tratamento de radioterapia no Brasil conta, atualmente, com profissionais bem treinados em toda a cadeia. Porém, o país ainda está longe do número ideal de profissionais e de máquinas para atender a todos os pontos do Brasil da forma necessária, este deve ser um dos desafios dos próximos anos. Por fim, Ricardo Terra, encerrou a conversa seguindo a mesma linha, ao comentar que os desafios estão na atenção especial a áreas como pulmão e tórax, no diagnóstico precoce e prevenção, sempre lembrando da necessidade de garantir acesso a cirurgias de melhor qualidade, “algo que ainda é bastante restrito”.
O debate também abordou outros temas importantes como inovação tecnológica no tratamento com radioterapia, entre outros. A conversa entre os médicos pode ser vista na íntegra no link abaixo.