A radioterapia estereotáxica ablativa corpórea (SABR) é uma das técnicas que tem sua implementação e validação diretamente conectada à evolução tecnológica da radioterapia nas últimas décadas. A técnica é uma opção de tratamento segura e de alto potencial curativo, com nível de evidência 1 e grau de recomendação A em pacientes com neoplasia de pulmão não pequenas células (NSCLC) inoperáveis T1-T2 N0.
Sua efetividade e conveniência, somado ao fato de ser uma técnica não invasiva de baixa morbidade, levaram ao questionamento de seu uso como estratégia de tratamento em pacientes operáveis. Estudos prévios prospectivos (JCOG 0403, RTOG 0618 e análise combinada do STARS-ROSEL) mostravam desfechos satisfatórios e similares, quando comparados à cirurgia, com qualidade de evidência nível 2. Estudos randomizados, entretanto, não conseguiram recrutar adequadamente os pacientes, visto que existe o viés do paciente e do médico a favor da estratégia cirúrgica.
Apesar disso, a análise combinada dos pacientes incluídos no STARS e ROSEL, mesmo com limitações do estudo realizado com um pequeno número de pacientes, curto período de seguimento, heterogeneidade dos protocolos de estudo e baixo uso de técnicas cirúrgicas contemporâneas, mostrou que SABR está associada a maior sobrevida comparado à lobectomia com dissecção linfonodal mediastinal (95 x 79% em 3 anos, p=0,037).