Pacientes com doença oligometastática podem apresentar controle da doença, em longo prazo, com terapias ablativas em todos os sítios de doenças, sendo a radioterapia estereotática ablativa corpórea (SBRT) uma importante modalidade de tratamento. Nos últimos anos, houve um aumento no número de publicações que mostraram ganho em sobrevida livre de progressão e, inclusive, ganho em sobrevida global com o uso de SBRT, consolidando o paradigma oligometastático e aumentando as indicações deste tratamento.
Entretanto, não existe um modelo prognóstico preditor de sobrevida global nesta população (pacientes oligometastáticos com ≤ 5 sítios de metástases extra-craniana), o que seria fundamental para a correta seleção de pacientes. Desta forma, o objetivo do estudo foi a criação deste modelo, usando uma base de dados multi-institucional de 6 centros internacionais de pacientes com doença oligometastática tratados com SBRT. Pacientes com sítio primário de doença não tratados de forma definitiva e doença primária hematológica, de células germinativas ou em sistema nervoso central, foram excluídos. A versão final foi gerada em um set de treinamento usando análise de particionamento recursivo representando 75% da população. A performance foi avaliada em um set de teste reservado com 25% da população.
Os principais preditores de sobrevida global usados no desenvolvimento deste modelo prognóstico foram: idade em que o tratamento com SBRT foi realizado; sexo; histologia primária; número total, número de órgãos e timing da apresentação da doença oligometastática; se a oligometástase se apresentava em apenas um sítio; estadiamento TNM inicial do paciente; se houve recorrência da doença em sítio primário e se todos os sítios oligometastáticos foram tratados.
Assim, foram incluídos 1033 pacientes na análise, com seguimento mediano de 24,1 meses e sobrevida mediana em todo corte de 44,2 meses. A sobrevida global em 1, 2, 3, 4 e 5 anos após SBRT foi de 84,1%, 69,6%, 56,7%, 46,9% e 35,2%, respectivamente. No modelo final prognóstico RPA, as variáveis usadas na árvore de regressão foram, em ordem de importância, a histologia primária, doença oligometastática apenas pulmonar, timing da apresentação oligometastática e idade de início do tratamento com SBRT.
Na subdivisão por risco, o denominado grupo favorável incluiu histologia prostática (independente do Gleason); neoplasia de mama receptor hormonal positivo ou HER2+; neoplasia colorretal e renal (carcinoma de células renais e outras histologias). O local e timing da apresentação da oligometástase não foram importantes no prognóstico destes pacientes com histologia favorável. Já para pacientes com histologia primária desfavorável, a apresentação oligometastática apenas pulmonar e apresentação metacrônica tardia (>24 meses do diagnóstico primário) foram associadas a melhor prognóstico.
O modelo completo com 5 categorias e simplificado com 3 categorias performaram bem, alcançando boa discriminação e calibração no set de test, com valor p < 0,0001. Como limitações, os autores destacam que a base de dados foi extraída de forma retrospectiva, alguns poucos casos estavam com dados faltantes e apenas 1,4% dos pacientes receberam imunoterapia antes do tratamento com SBRT.
Em conclusão, este estudo criou e validou um modelo clínico prognóstico de sobrevida em pacientes com doença oligometastática extra-craniana tratados com SBRT, sendo de fácil interpretação e que certamente impactará de forma positiva as decisões da prática clínica e estratificações necessárias para os próximos estudos.
Este resumo foi baseado neste conteúdo https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360301621032363?dgcid=rss_sd_all
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