SBRT em metástases ósseas: um estudo controlado, aberto, multicêntrico, randomizado, fase 2/3

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Metástases ósseas são uma manifestação comum em pacientes com doença sistêmica, sendo que há acometimento da coluna em 70% dos casos. O padrão de tratamento, em casos paliativos, é a radioterapia paliativa, normalmente realizada em curso curto. Entretanto, as taxas de melhora da dor são baixas, variando tipicamente em 10 a 20%. 

A evolução tecnológica da radioterapia na última década permitiu maior emprego da radioterapia estereotáxica corpórea em doses ablativas (SBRT). Foi realizado, então, este estudo randomizado fase 2/3, com o objetivo de provar a superioridade quanto resposta à dor das metástases ósseas em coluna irradiadas com SBRT, em 2 frações de 12 Gy, em relação à radioterapia convencional em 5 frações de 4 Gy. 

É de extrema importância destacar alguns critérios de inclusão. Os pacientes deveriam ter metástases ósseas com dor (escore ≥2 de 10, segundo o Brief Pain Inventory), em coluna (confirmadas por ressonância), com até três segmentos consecutivos no volume irradiado, escore de instabilidade em coluna (SINS) ≤ 12 e sem déficits neurológicos de compressão epidural ou de cauda equina. 

Após seguimento mediano de 6,7 meses e 229 pacientes incluídos na análise por intenção de tratamento, a maioria dos pacientes era de histologia primária de mama (22%), pulmão (27%) e próstata, com alinhamento da coluna normal e apenas 4% com colapso de mais de 50% do corpo vertebral. O seguimento foi realizado com avaliações clínicas em 1, 3 e 6 meses e avaliação por imagem com ressonância em 3 e 6 meses após término do tratamento. Assim, foi definido como desfecho primário do estudo a proporção de pacientes com resposta completa à dor 3 meses após irradiação.

Em 3 meses, 35% dos pacientes no grupo de SBRT versus 14% dos pacientes no grupo conformado obtiveram resposta completa à dor (RR 1,33; p=0,0002), o que se manteve na análise de 6 meses, apesar de aproximadamente 1/3 das pessoas de cada grupo não terem sido avaliados (RR 1,24; p=0,0036). Em análise post-hoc, na avaliação após 1 mês de tratamento, o grupo que realizou SBRT teve maior necessidade do uso de corticoides (34% x 28%). Não houve diferença com significância estatística em sobrevida livre de progressão sítio específico irradiado ou sobrevida global.  A toxicidade grau 3-4 mais comum foi dor grau 3. Como limitações, os autores destacam o fim do seguimento em 6 meses, as histologias variadas incluídas na análise e a não análise do desfecho de sobrevida livre de doença. 


Este estudo, ao mostrar superioridade da resposta à dor com esquema de 2 frações de 12 Gy para pacientes com metástases ósseas em coluna, independente do volume de doença metastática, amplia o espectro de emprego das doses ablativas, desta vez no cenário paliativo. O benefício em controle de dor foi obtido com baixas taxas de toxicidade, o que é definitivamente promissor e, após dados mais maduros e validação por outros estudos, pode, potencialmente, se tornar o esquema padrão.

Dr Samir Abdallah Hanna, radio-oncologista do Hospital Sírio-Libanês comenta sobre as perspectivas do emprego de SBRT no cenário de metástases ósseas para controle da dor

Conteúdo desenvolvido por Dra. Maria Thereza (@TherezaStarling/Twitter – @mthzams/Instagram), Dr. Fábio Y. Moraes (@fabiomoraesmd/Twitter – @drfabio.moraes/Instagram) e time Câncer em Foco com base em:

Stereotactic body radiotherapy versus conventional external beam radiotherapy in patients with painful spinal metastases: an open-label, multicentre, randomised, controlled, phase 2/3 trial 

Arjun Sahgal, Sten D Myrehaug, Shankar Siva, Giuseppina L Masucci, Pejman J Maralani, Michael Brundage, James Butler, Edward Chow,

Michael G Fehlings, Mathew Foote, Zsolt Gabos, Jeffrey Greenspoon, Marc Kerba, Young Lee, Mitchell Liu, Stanley K Liu, Isabelle Thibault,

Rebecca K Wong, Maaike Hum, Keyue Ding, Wendy R Parulekar, on behalf of the trial investigators*

Este resumo foi baseado neste conteúdo https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34126044/

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